segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Tudo passa

(por Marcos Assumpção)

Um dia não dura para sempre, mesmo que você queira. O sol não brilha 24 horas no mesmo lugar e a tempestade, uma hora cessa. A canção que você mais gosta acaba em minutos, o amor que parecia ser eterno morreu e hoje não nos diz nada; muitos valores que você acreditava escorreram pelo ralo, alguns amigos de ontem, hoje não passam de figurantes nostálgicos; a dor que parece insuportável, de alguma forma, algum dia passa, e quando passar será apenas uma doce lembrança, ainda que doída.
Essa é a maior certeza que temos: algum dia tudo passa e assim vamos levando, torcendo para que as coisas que lamentamos ter passado, se tornem eternas dentro de nós, e as que torcemos para passar, deixem em nós os ensinamentos necessários para nossa evolução. Aqui vos escreve alguém que acredita que um dia tudo passa e que tem na busca da evolução diária, a sua maior certeza.



'A pior e a melhor coisa da vida é saber que TUDO passa'

E agora, é só daqui em diante'



Estado de espírito agora me é uma coisa indecifrável.
Acordei como em tantos outros dias, relembrando velhos amigos e acontecimentos, vivi a nostalgia! Vou voltar.
Voltar pros abraços verdadeiros, pras palavras verdadeiras e nunca mais deixar que tão pouco me abale.
O amor eu vou guardar, dentro de uma caixa escondidinha e fazer de conta que esqueci onde está, pra só abri-la denovo quando for pra entregar a alguém que realmente faça por merecer!
Vou voltar a sorrir como antes, sonhar como antes e ser a mesma que eu jamais deveria ter deixado de ser, por ninguém! Afinal de contas, a vida vai seguindo e eu não parei no tempo, ele está me engolindo.
Decepcionar, algumas vezes, pode ser libertador.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

O que ainda não passou '

Hoje depois do almoço eu senti um vazio descomunal. Era mais uma vez um sentimento devastador, que ia puxando lentamente pra baixo, tanto eu quanto as lágrimas, prestes à sair dos meus olhos. Acredito que o fato de eu estar num lugar público tenha me feito dar uma controlada, mas segui me sentindo péssima por dentro.
Quando o que traçamos toma outros rumos, é difícil aceitar. E eu tenho o grave defeito de ao invés apenas viver, eu tento minuciosamente visionar cada detalhe, cada ação. Ver aonde errei. Rebobino e volto a fita tantas vezes, que as cenas até somem, de tanto que estão gravadas no coração. O desapego sempre é difícil e maldoso, tomar essa decisão já é em si um ato de desprendimento e ''liberdade'' mas não. Me impressiono como com você as coisas são tão diferentes. Eu tento demais ser alheia, mas quando você me responde sendo pior que eu, me afundo em pensamentos, questionamentos e algumas lágrimas. Eu queria um ultimato, mas quando eu noto também que há ainda mais pessoas inclusas nessa situação, prefiro parar por aqui. Por mais que eu não saiba o que há dentro da sua cabeça desparafusada, e tenha vontade de juntar cada um desses parafusinhos, melhor não. Nunca se sabe o que se vai encontrar numa empreitada com alguém tão imprevisível. Chuva, ou sol. Tempo nublado.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Ele me salvou ....



de todas as maneiras que uma mulher poderia ser salva!

From Titanic

ps- só porque esse final de semana,eu assisti pelo milionésima vez esse filme, mas com a mesma emoção da primeira vez

E é desse jeito que nós conseguimos '




- Você acha que o nosso amor pode fazer milagres?
- Eu acho que o nosso amor pode fazer tudo aquilo que quisermos. É isso que te traz de volta pra mim o tempo todo.

Caio F.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Eu, modo de usar

Pode invadir ou chegar com delicadeza, mas não tão devagar que me faça dormir. Não grite comigo, tenho o péssimo hábito de revidar. Acordo pela manhã com ótimo humor mas... permita que eu escove os dentes primeiro. Toque muito em mim, principalmente nos cabelos, e minta sobre minha nocauteante beleza. Tenho vida própria, me faça sentir saudades, conte algumas coisas que me façam rir, mas não conte piadas e nem seja preconceituoso, não perca tempo, cultivando este tipo de herança de seus pais. Viaje antes de me conhecer, sofra antes de mim para reconhecer-me um porto, um albergue da juventude. Eu saio em conta, você não gastará muito comigo. Acredite nas verdades que digo e também nas mentiras, elas serão raras e sempre por uma boa causa. Respeite meu choro, me deixe sozinha, só volte quando eu chamar e, não me obedeça sempre que eu também gosto de ser contrariada. (Então fique comigo quando eu chorar, combinado?). Seja mais forte que eu e menos altruísta! Não se vista tão bem... gosto de camisa para fora da calça, gosto de braços, gosto de pernas e muito de pescoço. Reverenciarei tudo em você que estiver a meu gosto: boca, cabelos, os pelos do peito e um joelho esfolado, você tem que se esfolar às vezes, mesmo na sua idade. Leia, escolha seus próprios livros, releia-os. Odeie a vida doméstica e os agitos noturnos. Seja um pouco caseiro e um pouco da vida, não de boate que isto é coisa de gente triste. Não seja escravo da televisão, nem xiita contra. Nem escravo meu, nem filho meu, nem meu pai. Escolha um papel para você que ainda não tenha sido preenchido e o invente muitas vezes. Me enlouqueça uma vez por mês mas, me faça uma louca boa, uma louca que ache graça em tudo que rime com louca: loba, boba, rouca, boca... Goste de música e de sexo. Goste de um esporte não muito banal. Não invente de querer muitos filhos, me carregar para a missa, apresentar sua familia... isso a gente vê depois... se calhar... Deixa eu dirigir o seu carro, que você adora. Quero ver você nervoso, inquieto. Olhe para outras mulheres, tenha amigos e digam muitas bobagens juntos. Não me conte seus segredos... Me faça massagem nas costas. Não fume, beba, chore, eleja algumas contravenções. Me rapte! Se nada disso funcionar... experimente me amar!

Quero um desses pra mim'




Meus amigos reclamam quando suas namoradas o perseguem. Lamentam o barraco do ciúme, a insistência dos telefonemas para falarem praticamente nada, o cerceamento dos horários. Sempre as mesmas tramas de tolhimento da liberdade, que todos concordam e soltam gargalhadas buscando um refúgio para respirar. Eu me faço de surdo.
Fico com vontade de pedir emprestada a chave da prisão para passar o domingo. Acho o controle comovente. Invejável. Não sou favorável à indiferença, à independência, ao casamento sartreano. Fui criado para fazer um puxadinho, agregar família, reunir dissidentes, explodir em verdades. Duas casas diferentes já é viagem, não me serve. Aspiro ao casamento pirandelliano, um à procura permanente do outro. Sou um totalitário na paixão. Um tirano. Um ditador. Não me dê poder que escravizo. Não me dê espaço que cultivo. Não me eleja democraticamente que mudo a constituição e emendo os mandatos. Quero uma mulher perdigueira, possessiva, que me ligue a cada quinze minutos para contar de uma ideia ou de uma nova invenção para salvar as finanças, quero uma mulher que ame meus amigos e odeie qualquer amiga que se aproxime. Que arda de ciúme imaginário para prevenir o que nem aconteceu. Que seja escandalosa na briga e me amaldiçoe se abandoná-la. Que faça trabalhos em terreiro para me assustar e me banhe de noite com o sal grosso de sua nudez. Que feche meu corpo quando sair de casa, que descosture meu corpo quando voltar. Que brigue pelo meu excesso de compromissos, que me fale barbaridades sob pressão e ternuras delicadíssimas ao despertar. Que peça desculpa depois do desespero e me beije chorando.
A mulher que ninguém quer, eu quero. Contraditória, incoerente, descabida. Que me envergonhe para respeitá-la. Que me reconheça para nos fortalecer. A mulher que não sabe amar recuando e não tolera que eu ame atrasado. Que parcele em dez vezes seu dia, que não pague a conversa à vista na hora do jantar, que não junte suas notícias para contar de noite como um relatório. Admiro os bocados, as porções, as ninharias. Alegria pequena e preciosa de respirar rente ao seu nariz e definir com que roupa vou ao serviço. O amor é uma comissão de inquérito, é abrir as contas, é grampear o telefone, é cheirar as camisas. É também o perdão, não conseguir dormir sem fazer as pazes. O amor é cobrança, dor-de-cotovelo, não aceitar uma vida pela metade, não confundi-la com segurança. Exigir mais vontade quando ela se ofereceu inteira. Enlouquecê-la para pentear seus cabelos antes do vento. Enervá-la para que diga que não a entende. E entender menos e precisar mais.
Quem aspira ao conforto que se conserve solteiro. Eu me entrego para dependência. Não há nada mais agradável do que misturar os defeitos com as virtudes e perder as contas na partilha. Não há nada mais valioso do que trabalhar integralmente para uma história. Não raciocinar outra coisa senão cortejá-la: avisá-la para espiar a lua cheia, recordar do varal quando começa a chover, decorar uma música para surpreendê-la, sublinhar uma frase para guardá-la.
Sou doido, mas doido varrido. Bem limpo. Aprendi a usar furadeira e agora entro fácil em parafuso. Quero uma mulher imatura, que possa adoecer e se recuperar do meu lado. Uma mulher que me provoque quando não estou a fim. Que dance em minhas costas para me reconciliar com o passado. Que me acalme quando estou no fim do filtro. Que me emagreça de ofensas. Não me interessa um tempo comigo quando posso dividir a eternidade com alguém. Quero uma mulher que esqueça o nome de seu pai e de sua mãe para nascer em meus olhos. Em todo momento. A toda hora. Incansavelmente. E que eu esteja apaixonado para nunca desmerecê-la, que esteja apaixonado para não diminuí-la aos amigos.

Fabrício Carpinejar.