quinta-feira, 15 de julho de 2010

sábado, 10 de julho de 2010

Talvez...'




"Somente os amores não realizados podem ser românticos"
(Vick Christina Barcelona - 2008)

Talvez o amor não seja o que sonhei. Talvez o tempo não traga o que esperei. Talvez meu destino seja nunca ter. Talvez eu não seja a pessoa certa para você. Talvez eu também não seja a pessoa errada, e o nosso erro seja esse, só saber viver nos extremos. Talvez eu seja apenas esse vazio entre o que você quer e o que eu não posso ser. E de vazios ninguém vive. Vazios podem dolorosamente ocupar espaços, mas não preenchem almas que anseiam por um pouco mais. Ou talvez não seja nada disso. Talvez eu seja o amor da sua vida, mas não dessa vida. Talvez ainda haja magia, ainda haja verdade, e, por algum encanto, passe a tempestade e surja um arco-íris, trazendo o reconforto dos sonhos de criança. E talvez além do arco-íris, junto com um pote de ouro, exista um fim para tudo o que se sente sem não mais querer sentir. Talvez possa-se trocar toda a riqueza do tesouro por não se ter mais sentimentos, pensamentos, por alguém que não se pode alcançar. Talvez o prêmio para quem soube amar seja um dia não mais doer, todo amor que não era pra ser. Talvez.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Quem sou eu?!

Me lêem, mas não me vêem. Não assim, maquiada e com a pele obstruída em base, pó e blush. É engraçado como sabem vocês das minhas tantas dores, ansiedades e complexidades, e nunca, nem sequer, tenham me visto cara à cara. E concluí com uma frase que já ouvi por aí, não sei aonde e nem a autoria: "de perto, ninguém é normal".. Caminho rápido pelas ruas: sou quase um foguete. Coço o nariz mesmo quando não minto; é a rinite, que me ataca sempre. Tenho falado cada vez mais sozinha. Converso comigo mesma no calçadão, quando seco os cabelos, e antes de dormir. Quando sou pega em flagrante, ensaio um tom meio musical, que passe a mensagem mais sã de que "não sou louca, estou apenas cantando". Quando me deito, os cabelos não podem encostar a pele: pra cima, e longe de se enroscar nas orelhas, de atrapalhar o meu sono de princesa. Fujo de semi-conhecidos (chega a ser incrível a quantidade de chaves, celulares e papéis que eu TENHO que pegar na bolsa, sabem como é...). Interrompo os outros, para não me fugir a idéia no ponto alto de conversas - e me arrependo, minutos mais tarde. Ensaio diálogos que quase nunca se concluem, ao telefone. E muito menos ao vivo. Quase chuto pessoas que caminham devagar, quando na minha frente. Não dialogo com coerência assim que acordo. E nunca, em hipótese alguma, tente discutir comigo pela manhã - ainda mais, se não quiser ouvir algo que te machucará. Será i-ne-vi-tá-vel.
Faço eu mesma meu leite desnatado, colocando metade do leite integral, e outra metade de água mineral. Não como tomate. Detesto telefone. Nunca tive o hábito de roer as unhas, mas puxo as peles que ficam em volta da unha. Hoje não quero, amanhã necessito. Sou ríspida, e hora depois, amável. Discuto por futebol, e abraço por gosto musical parecido. Na rua, não olho pro lados. E nem para qualquer psiu, fiu-fiu. Pra frente, e reto. Alheia, e indiferente - quem me conhecer, me chamará pelo nome. Passo rímel com a boca aberta. Tropeço mesmo parada, e não consigo dormir em lugares públicos. Ando como uma desabrigada em casa, com roupas velhas e uniformes dos meus antigos colégios. Sempre confirmo o preço, mesmo sabendo de cor. E não pego no sono se a porta do armário estiver aberta. Necessito de pelo menos quatro litros de água ou refrigerante e um docinho, por dia. Minto meu nome em festas, e à pessoas indesejáveis. Leio o jornal de trás pra frente, e abro a geladeira pra pensar. Além do mais, dobro a ponta das páginas, ao invés de usar o marca-página. Sou estranha? Talvez sim, acredito que não. Nem me importo. Sempre busquei o diferente, e talvez até tais diferenças sejam batidas, manjadas ou então, populares. Vai saber!
Dizem que mania, cada louco tem a sua. Essa são algumas das minhas, ou apenas, as que consigo perceber. E claro, como de perto, ninguém é normal, aqui está minha assinatura, logo embaixo de tudo isso. Porque sem apenas um desses meus pequenos defeitos, poderia ser você, poderia ser a sua irmã, ou a sua amiga. Mas de perto, a uns cinco centímetros, essa é uma face de mim. Apenas uma, das tantas e tão distintas. Gosta quem quiser, e detesta quem puder. Não dizem que são os defeitos que marcam, aprisionam, e apaixonam? Acredito também, ué.






Camila Paier, adaptado